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Sempre tive exemplos que viveram do antes. Minha constituição foi feita por pessoas que sempre se pautaram em uma era a qual eu não vivi mas que por eles era colocada como "tempos de ouro". Talvez em algum momento eu tivesse tido a vontade de ser como esses ídolos idosos que não passavam de uma velha fotografia.
O cerne da questão é: perder é importante. Saber lhe dar com a ausência daquilo que uma vez foi e que hoje não é mais é essencial para se trabalhar o fato de que todas as coisas são passageiras. A idéia cristã do "para sempre" é a simples tentativa humana de vencer o tempo e de fugir da mudança que nos é proposta dia após dia. O chamado "nirvana" foi alcançado por um homem, o Buda, que conseguiu compreender esse constante estado de mutação do universo e aprendeu a lhe dar com essa realidade através do desapego. Diga-se de passagem que o desapego não significa a indiferença mas sim o "sentir harmônico" e não o "sentir viciado".
Nesse ano consegui compreender melhor essa ótica por meio de uma série de acontecimentos que ocorreram no passar dos meses. Nem tudo aquilo que sempre foi é aquilo que será. Amores, amizades e propriedades sentimentais que até então no nosso consciente tem duração eterna não passam de grãos de areia da mandala que compõe o viver humano. Ela é meticulosamente construída com os maiores cuidados para que depois seja varrida e se transforme em um monte de poeira. A vida é assim, as coisas se constroem e logo depois são destruídas. O vazio deixado por aquilo que se foi é o lote onde será feito algo novo.
O sofrimento nada mais é que a negação do caminhar do mundo. Eu usufrui desse sentimento em alguns momentos em 2010 mas consegui compreender que era apenas a minha teimosia em não querer enxergar que o universo que eu vivia havia morrido e renascido em uma nova forma. Absover o necessário do que passou e observar o que o novo tem a apresentar foi fundamental para acompanhar o rítimo da realidade. Viver hoje tendo a certeza que o ontem se foi e saber que amanhã será um dia completamente diferente.